Do Livro dos Abraços, belíssima obra de Galeano, uma homenagem a palavra, a sua tradição e seu poder de comunicação entre os seres e coisas. Tudo fala... O silêncio e a pedra. Tudo quer dizer algo, algo necessário e urgente. E fala, através de tudo, do gesto, do nada, do Mistério. Hoje, Eduardo fez sua passagem para um mundo que acreditamos mais gentil. Preocupado com os rumos da civilização, foi sempre um guerreiro na defesa dos mais fracos, dos esquecidos, dos invisiveis, dos nadas e ninguéns do mundo, da América Latina e África como representantes desse mundo excluído, da mulher, da criança, do negro, do diferente do que a sociedade entende como "normal". Em seu livro Espelhos, obra belíssima, faz um relato em breves textos do que é a nossa História de opressão e oprimidos! Uma viagem fantástica e violenta, mas doce e terna, cheia de compaixão e solidariedade. Seus livros são para a acabeceira, para que lembremos sempre como a luta é diária e sem descanso, contra a ignorância, a sordidez, o egoismo, a arrogância, a falta completa de humanidade. Achar poesia nesses relatos cruéis nem sempre é tarefa simples, há de se ter muita ternura, amor mesmo, e uma desesperada esperança na mudança... Galeano tinha e tem, e nessa fonte inesgotável, além da morte, devemos beber todos. Evoé, Galeano, boa viagem! Gratidão!
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