Por hora, uma história!
O gosto e a língua
Um mestre zen descansava com o seu discípulo. À certa altura do repouso, ele tirou um melão do seu alforje, dividiu-o em dois pedaços e ambos começaram a comer a fruta.
No meio da refeição, o discípulo comentou com o seu mestre:
– Meu sábio mestre, sei que tudo o que o senhor faz tem um sentido. Dividir esse melão comigo talvez seja um sinal de que tem algo a me ensinar.
O mestre continuou a comer o melão em absoluto silêncio.
– Pelo seu silêncio, entendo a pergunta oculta – insistiu o discípulo.
– E deve ser a seguinte: o gosto que estou experimentando ao comer esta deliciosa fruta está em que lugar: no melão ou na minha língua?
O mestre não disse nada. Continuou comendo em silêncio. O discípulo, entusiasmado, prosseguiu:
– E como tudo na vida tem um sentido, penso que estou perto da resposta para esta pergunta: o gosto é um ato de amor e interdependência entre os dois, porque, sem o melão, não haveria um objeto de prazer e sem a língua...
– Basta! – disse o mestre.
– Os homens mais tolos do mundo são aqueles que se julgam os mais inteligentes”, continuou ele. “São os que buscam uma interpretação para tudo na vida! O melão está gostoso. Isso é suficiente. E deixe-me comê-lo em paz!
No meio da refeição, o discípulo comentou com o seu mestre:
– Meu sábio mestre, sei que tudo o que o senhor faz tem um sentido. Dividir esse melão comigo talvez seja um sinal de que tem algo a me ensinar.
O mestre continuou a comer o melão em absoluto silêncio.
– Pelo seu silêncio, entendo a pergunta oculta – insistiu o discípulo.
– E deve ser a seguinte: o gosto que estou experimentando ao comer esta deliciosa fruta está em que lugar: no melão ou na minha língua?
O mestre não disse nada. Continuou comendo em silêncio. O discípulo, entusiasmado, prosseguiu:
– E como tudo na vida tem um sentido, penso que estou perto da resposta para esta pergunta: o gosto é um ato de amor e interdependência entre os dois, porque, sem o melão, não haveria um objeto de prazer e sem a língua...
– Basta! – disse o mestre.
– Os homens mais tolos do mundo são aqueles que se julgam os mais inteligentes”, continuou ele. “São os que buscam uma interpretação para tudo na vida! O melão está gostoso. Isso é suficiente. E deixe-me comê-lo em paz!
[recontado por Paulo Coelho]
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