quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Menina Bonita do Laço de Fita

Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
­- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela. Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi. Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
­- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha. Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...

[de Ana Maria Machado, livro, da editora Ática]
ilustração: Claudius]


Meninos e Meninas, eu li:

O livro não carece de apresentações. As ilustrações são lindas, a autora é ótima, o tema urgente. Tudo perfeito. Mas encanta. E isso é o mais importante. Não adianta só estar certinho, tudo correto. Tem que encantar. Tem que ser boa história. Gentil, generosa, gostosa de ouvir e ouvir de  novo. Dar chance de inventar ampliar fazer maior imaginar cantar dançar enfim criar também. Quando ouvi a primeira vez me encantei... que menina mais bonita! Que autora fofa, que ilustração fofa... e lá fui eu comprar o livro... que dei. E comprei outro, dei também. E outro e outro e outro, e todos com o mesmo destino... ! Agora fico esperando uma edição com disquinho e as várias versões da musiquinha.. "Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?" Você tem a sua? Então manda para a gente ouvir! [por Lux]

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Amores


O primeiro elefante criei, porque me foi dado e não lhe vi melhor destino.
O segundo comprei. Porque já não podia viver sem amor tão grande.

[de Marina Colasanti, em Zoológico: mini-contos Fantásticos, 2 ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1985.
Ilustração: Traci Bixby]

Meninos e Meninas, eu li:

Esse livro é de contos pequeninos, porém mais que isso: de contos poéticos, com ritmo. Viagens fantásticas, mundos imaginários, surrealismos. Livreto pequeno, de poucas páginas, com um mundo de possibilidades. Excelente para ter na maleta do contador de histórias. Com eles pode-se criar performances e brincadeiras, invenções de toda sorte. Tem a garrafa que voa quando abrimos a janela, o magico que é engolido pela cartola, a mulher que espera o marido toda uma vida...  e tanto mais. Leia e invente os seus, viaje nesse zoológico!  {por Lux}